PSICÓLOGO ANTONIO CARLOS ALVES DE ARAÚJO- C.R.P. 31341/5- TERAPIA DE CASAL E INDIVIDUAL- RUA ENGENHEIRO ANDRADE JÚNIOR 154- TATUAPÉ SÃO PAULO -SÃO PAULO TELS: 26921958 /93883296
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Trauma (estudo
psicológico)
Talvez este seja o tema mais difícil de uma definição precisa no terreno
da psicologia. Claro que não estou falando de casos estritamente reais, como:
violência, assassinatos, estupros, acidentes ou coisas do tipo, que transcendem
o limite do suporte psíquico de um ser humano. O enfoque deste estudo será
estritamente de fatores psicológicos que acabam tendo quase o mesmo efeito que
os fatos extremamente dolorosos citados. Temos de começar fazendo um inventário
da própria gênese das relações entre os seres humanos, e então concluímos que
sempre o fator de maior competição entre os mesmos nunca foi poder ou dinheiro
como parece se apresentar, mas quem deteve o histórico de uma vida mais
desgraçada. A autocomiseração sempre foi um gozo espetacular nas diferentes
eras, não apenas por conta do cristianismo que deu um status enorme ao quesito
sofrimento. O trauma psicológico nunca
pode ser medido num evento por si próprio, mas a certeza do tipo de relação
destrutiva que foi estabelecida. O trauma é a potencialização da certeza da exclusão,
o menosprezo constante de nossas capacidades ou habilidades. Mas surge a
primeira dificuldade, como o indivíduo teve a certeza real no decorrer de seu
desenvolvimento que realmente as coisas se deram da maneira como sempre imaginou
ou vivenciou? Obviamente que a resposta é o processo de comparação com outros
parentes ou pessoas de seu convívio, assim sendo a gênese de tudo não é o
acontecimento, mas a sensação de ser preterido, ou que o outro tenha vantagens
adicionais; se conclui que um dos alimentos essenciais para o incremento do
trauma é a comparação citada, que nada mais é do que inveja disfarçada ou
represada. Cria-se um complexo interminável da certeza de uma injustiça
praticamente irremediável, sendo que o resultado é a reprodução a todo tempo de
novas situações extremadas de angustia por a pessoa se sentir negligenciada ou
excluída. Aqui nos deparamos com a compulsão a repetir de SIGMUND FREUD
totalmente em seu sentido mais destrutivo.
Tal fenômeno é um correlato
daqueles casos onde a pessoa quase que por uma via mística costuma atrair acidentes
ou repetir experiências trágicas, sendo não meramente a tão moderna lei da
atração, mas um organismo inconsciente vivo e dotado de inteligência para
reviver o caos constantemente. Alguns cientistas modernos da psicobiologia
acreditam que tais padrões de comportamento são genéticos e sua única função
seria a mera reprodução incessante, sem nenhum conteúdo simbólico inconsciente,
o ser humano seria tão somente o hospedeiro para essa espécie de parasita. Tal
tese é extremamente interessante, mas deixa uma grave lacuna: porque somente
com determinadas pessoas? Porque outras conseguem manter o otimismo diário,
enquanto as primeiras se afogam na agonia? Cunhei há muito tempo uma expressão
um tanto rústica, mas que considero eficaz na explicação de dito fenômeno:
“toque do demônio”. Sem dúvida alguma não faço qualquer referência à
religiosidade, mas a dinâmica do desenvolvimento da destrutividade em
determinado indivíduo. O primeiro e mais importante fator, repetindo, não é e
nunca foi o trauma em si, mas a surpresa, o inesperado para um indivíduo que
acreditava em convicções de justiça ou recompensa para seu comportamental
sancionado pela sociedade. Dando um exemplo prático, necessariamente uma pessoa
não precisa ter ido ao Vietnã, mas não estava preparada para tal jornada, e
isto não depende de treinamento, mas principalmente da estrutura de
personalidade do sujeito. Mas tudo até
agora exposto ainda não deixa de ser uma metáfora, pois a grande raiz do trauma
além dessa sensação de injustiça é o mais profundo complexo de inferioridade
por a pessoa não ter conseguido reagir em determinada ocasião. Degustar uma
vida toda a revanche que não virá, certamente é o núcleo do rancor e um dos
fatores de maior tormento para um ser humano. Literalmente se estaciona em uma etapa da vida, e todas as novas
aquisições são constantemente sabotadas ou anuladas pela lembrança do terror,
ou como disse atração de novas experiências de conflito. O problema é que
jamais podemos localizar o núcleo do trauma, pois já se produziram vários
subseqüentes.
Pensamos achar o centro e quando
prestamos atenção ainda estamos bem na periferia. O trauma é a porta nunca o
final de um processo psicológico doloroso, como se pensava nos primórdios da
psicologia. Não deixa de ser um vício ou até gozo por caminhar constantemente
nas profundezas do inferno, embora a maioria se recuse a admitir tal afirmação.
E não se trata somente da auto piedade, mas o fascínio pelo caos, esbanjar ser
único e totalmente diferenciado exatamente por suas experiências pessoais tão
incomuns e surreais de desespero. O trauma retira o indivíduo não da
normalidade, mas do comum, é a potência de NIETZCHE ou o desejo de
superioridade de ADLER numa conotação quase que artística, mas certamente
mórbida. O trauma dá a certeza de ter sido especial, unicidade que se paga com
tortura mental quase que diária, mas o acordo mesmo assim está feito, a dor é
sobrepujada pela ânsia de grandeza, notem sempre o jogo constante entre
inferioridade e superioridade. Não podemos nos deixar
alienar, principalmente o psicólogo. Qualquer estágio emocional sempre será uma
moeda de troca. Posso lhes dar a prova. Pensemos no tão banal problema da
criança que não consegue dormir no seu berço e atormenta os pais diariamente
para dormir na cama dos mesmos. Geralmente ou há um desgaste na relação ou a
parte sexual está enfadonha e ambos não admitem tais fatos. A criança então
empresta seu Édipo para que ambos continuem nessa situação, só que agora com um
maravilhoso álibi. Sei que muitos não aceitarão tal tese, mas é só observar um
pouco melhor. Os medos que a criança relata do escuro, de ficar sozinha, falsos
traumas no intuito de emprestar seu sofrimento e ganhar algo em troca, seja
atenção ou qualquer conteúdo emocional inconsciente.
Notem que desde cedo à criança aprende a tirar vantagem de uma situação
supostamente de sofrimento. Citando um caso clínico, dou um exemplo de um
paciente de meia idade com um histórico de vários fracassos em seus casamentos
e relacionamentos. Parecia que nessa esfera estava lhe proibido qualquer
esperança de felicidade e cumplicidade, embora tentasse se portar como um homem
gentil, prestativo e dedicado, parecia que sempre atraía o pior tipo possível
do feminino, embora não tivesse nenhuma tendência para a homossexualidade,
consciente e inconscientemente. Numa de suas crises conjugais relatou o
seguinte sonho: “estava na Turquia, a sensação e paisagem eram maravilhosas,
era incrível estar num país tão distante e exótico. De repente fui obrigado a
entrar num cargueiro onde tinha de matar vários membros de uma seita Satânica,
queria fugir dali, mas não conseguia, então procurei encontrar armas. Consegui
uma metralhadora e realmente acabei matando alguns deles. Finalmente consegui
fugir onde encontrei abrigo em uma casa só de mulheres. Quando percebi estava
totalmente nu e obviamente fiquei mais do que embaraçado. O curioso é que
ninguém notava minha condição. Subitamente voltei para meus país, e estava na
casa de meus pais, tentando deixar minhas roupas para lavar, mas lembrava que
tal coisa não seria possível, pois ambos já haviam falecido há tempo. O
desamparo tomou conta por completo de meu ser”. Se alguém tentar enveredar a
interpretação para um viés psicanalítico, vai se dar muito mal, achando que seu
fracasso com as mulheres seria explicado por sua dependência ainda ativa com as
figuras parentais, quando deseja voltar para casa a fim de que os mesmos cuidem
dele. Seria óbvio demais. Notem que o sonho começa com o mais puro prazer, e
numa fração de segundos entra a necessidade de vivenciar o trauma, o gozo por
poder explodir sua agressividade e destrutividade contidas. Então se vê nu
diante das mulheres, e é a mais pura realidade, sempre perdeu todas as batalhas
com as mesmas, mas o fato mais importante é que não notam que está sem
vestimentas, este é o seu núcleo mais profundo de ódio, mesmo numa situação
surreal jamais foi notado, o paciente em seu sonho simplesmente desenhou a mais
pura pintura de seu incomensurável complexo de inferioridade e ao mesmo tempo
desejo de superioridade, quando consegue eliminar os membros da seita.
Devo lembrar ainda a retroalimentação de todo o processo, o trauma
gerando o ódio, e este último fator reprodutor de futuras experiências de
agonia. Mas o que podemos realmente fazer por um paciente neste tipo de caso?
Confesso que a tarefa não é nada fácil, pois qualquer análise será em vão, já
que palavras serão letras mortas neste tipo de psiquismo. O que vale é a transferência
de algum tipo de energia que possa motivar a pessoa para tentar readquirir
alguma noção de prazer e satisfação. O problema passa efetivamente pela
confiança, coisa rara para esse tipo de indivíduo que só viveu o inferno no
decorrer de sua vida. O que costumo
observar para a pessoa, não é uma solução ou cura mágica, mas pelo menos que
realize uma espécie de protesto ou passeata contra sua imensa situação de
desespero. Claro que irão me perguntar se tal medida adiantará para alguma
coisa, sendo que irei responder se alguém teria uma chave para tão grave
perturbação psicológica afora a sedação ou abafamento químico do problema.
Afora as psicoses, este é o desafio último de qualquer projeto da psicologia ou
até mesmo psiquiatria, o quanto é possível intervir num quadro totalmente
estruturado e crônico da certeza de um sofrimento e aflição que acompanham
quase que todos os relacionamentos do sujeito. Na altura desta situação não é
possível separarmos os elementos envolvidos, tais como: tristeza, depressão,
espírito de acomodação, sentimento de derrota e intenso complexo de
inferioridade. Sem querer ser
autoritário, a primeira e única saída é estabelecer tarefas que projetem o
paciente para uma recuperação gradual não apenas de sua estima, mas de sua
potência para poder produzir experiências mais favoráveis. Novamente nossa
tarefa será das mais espinhosas, pois estaremos correndo contra algo que há
muito já saiu na frente, então nossa arma será a esperança que o paciente ainda
mantém para superar o tédio e cansaço desse núcleo inconsciente de caos e
sofrimento.
Novamente me perguntarão da possibilidade de tal acontecimento. Certa vez
atendendo um paciente com tal problemática (depressão, baixa estima, desprazer
e insatisfação generalizadas), não estava conseguindo obter qualquer tipo de
êxito terapêutico afora sérias reações sintomáticas contratransferências de
minha parte tipo: sono, enjôo e irritabilidade. Contou-me um sonho de intensa
perseguição de criminosos e pessoas que haviam falecido contra o mesmo. Entrava
numa espécie de bar e tinha conseguido para seu espanto se deparar com uma
grande estrela do meio artístico e que lhe dera uma foto e autógrafo, como
sempre se sentia totalmente incapacitado para qualquer tipo de sorte na vida,
interpretou tal estrela como sendo o próprio demônio travestido para capturá-lo
em definitivo. Foi nesse ponto depois de meses de embate que finalmente pude
combater pela primeira vez seu núcleo destrutivo, quando lhe disse que todo seu
pessimismo tinha a função de que alguém
lhe desse o selo real de que sua verdadeira moradia era o caos, disfarçado de
rotina e fuga de qualquer tipo de molestação ou crítica de seu ambiente. Ao
contrário do que sempre disse, procurou a estabilidade do sofrimento, expressão
que cunho agora. Qualquer distúrbio psicológico não deixa de também ser um
derivativo do ambiente social de nossa era, se nos anos sessenta e setenta os
conflitos eram referentes às demandas por mais sexualidade e satisfação
eróticas, hoje assistimos ao desejo insano de apego numa acomodação onde não
importa a angústia, mas fugir de qualquer obrigação ou responsabilidade de ser
notado ou exercer poder benéfico sobre alguém, ao contrário do tipo perverso e
narcisista que se deleita com tais acontecimentos, embora também não produza
efeito criativo sobre outro ser humano. Interessante é esta dualidade de nosso
tempo, loucura pela fama ao lado da corrida para permanecer no anonimato.
Devo deixar claro que o pessimismo citado anteriormente do paciente não
era danoso por si só. O problema não é também o péssimo humor, pois ambos os
quadros refletem todo o drama e insatisfação do ser humano, o espelho da
sociedade caótica, ansiosa e depressiva. O ponto central é quando a pessoa
tentou se refugiar para supostamente encontrar a paz, à custa de seu
aniquilamento psicológico, seja com a solidão ou o medo da crítica. No século
passado éramos praticamente virgens, pouco conhecíamos do inconsciente, e hoje
depois de tantas análises, nos encontramos terrivelmente chocados e chamuscados
com todas as experiências de nosso desenvolvimento. Temos um problema muito
sério com o passado, foi isso que inicialmente a psicanálise tentou salientar,
traumas ou barreiras que impediam o fluir de nosso desenvolvimento. Porém a
análise não pode quebrá-los, meramente deu certo alívio para um espírito
atormentado. Novamente insisto no “toque do demônio”, não estar preparado para
o choque, e entra outra vez a dualidade, dizendo que nossa confiança,
fidelidade em excesso, acreditar no merecimento, produziu nossos mais
assombrosos complexos. A origem do
processo não está numa fase determinada tipo, oral, anal ou fálica do
desenvolvimento. Como pontuei em outros textos, nunca foi à escassez que
produziu o trauma, mas exatamente o contrário, a possibilidade de uma imensa
satisfação que nunca ocorreu, ou coisa pior, sentir que dito prazer foi cortado
abruptamente ou teve uma duração curta demais para o anseio do sujeito, aliás,
este é o centro do inconsciente do drogadicto, amplificar um prazer que sempre
achou que merecia mais.
O saudosismo é um dos mais nefastos sentimentos humanos, ele simplesmente
nos paralisa, dizendo: “acabou, talvez nunca mais tenha de volta, não deveria
ter perdido a oportunidade”. Entender o passado requer cuidado, principalmente
na análise, uma coisa é entendimento, a outra é acariciar constantemente a
ferida. O projeto crucial de uma psicologia efetiva e profunda é colocar o
sujeito frente ao seu mais puro dilema, lhe dizendo que seu papel fundamental é
provar o gozo e motivação do recomeço, saber que sempre é possível corrigir a
rota, e que deve antes de tudo procurar um mapa atual, não um labirinto de
reminiscências inúteis, provar sua potência, que é sempre reiniciar quando algo
deu errado; do contrário estará fadado à compulsão a repetição citada,
principalmente pelo lado negativo, para explorar o que descrevi como o gozo
pela unicidade. O leitor já deve ter percebido que há uma estreita conexão
entre trauma e perversão, quase sempre um atrai o outro, ou se retroalimentam
como combustível para novas experiências caóticas. Novamente desejar ser
singular, andar sempre no precipício, sem limites, insistir para que seu
ambiente aceite seus desejos ou comportamentos mais exóticos e insanos, se
liberar da culpa benéfica que mantém um padrão ético, apenas para viver uma
irresponsabilidade seja infantil ou da adolescência. Certamente este tipo de
indivíduo coleciona inúmeras experiências de ruptura e abandono, infelizmente
sem jamais corrigir ou admitir seus erros. E como fica a questão da
psicoterapia em todo esse fenômeno? Primeiramente não ceder ao encanto de
apenas ouvir vivências aterradoras, que é tudo que o perverso ou o traumatizado
desejam, mas pelo contrário, elaborar a necessidade exibicionista contida nessa
verdadeira caixa de pandora, que abrem constantemente. Uma coisa temos de
admitir após mais de cem anos do surgimento da análise, porque é tão difícil
alcançarmos o tão almejado estado de felicidade humana? Porque um casal, por
exemplo, que tem tudo para dar certo, logo se afoga no mar da lamúria e
sofrimento? Sem dúvida há mecanismos inconscientes que sabotam o livre fluir
das emoções e sentimentos. Mas seria o instinto de morte postulado por SIGMUND
FREUD? Talvez, haja essa tendência inata para a destruição e retorno ao
inanimado. Mas acho interessante refletirmos um pouco mais acerca desse tão
complexo problema. Vou insistir na questão, porque quase sempre tudo acaba
dando errado no setor afetivo?
Assim como a postulação do próprio instinto de morte gera uma ambigüidade (thanatos-morte e Eros- instinto de vida ou para o amor), na questão que estou descrevendo ocorre o mesmo. Por trás desse aparato destrutivo muitos se esquecem de um sentimento que é o pilar de tudo, a solidão. Por um lado todos a temem, e buscam desesperadamente um parceiro ou qualquer atividade para mitigá-la, mas por outro, a desejam, como na caso da timidez, para não passarem por uma situação de prova, ou então simplesmente para não terem a responsabilidade perante outro ser humano, ou ainda fugirem de outro sentimento que compõe isso tudo, o tédio. Essa tríplice aliança (solidão, timidez e tédio) compõe o cerne comportamental do instinto de morte de FREUD. E para complicar há o problema imenso da inveja, sentimento negado por nosso contexto social, mas que sem dúvida é o mais forte na estrutura de todo tipo de relação, seja afetiva ou profissional, sendo que outro âmago da destrutividade não é necessariamente quando alguém tem este último sentimento citado, até porque todos convivem com tal fardo, mas quando a pessoa não acredita sobre a possibilidade de ser objeto da mesma, então simplesmente aniquilou qualquer possibilidade de coerência com sua autoestima, infelizmente isto é um tabu para qualquer linha terapêutica, e um desafio enorme no terreno psicológico, equilibrar a delicada equação entre uma sociedade egoísta, individualista e ao mesmo tempo com receio ou vergonha de expandir nas diferentes áreas pessoais e emocionais. Nunca foi o medo de ser feliz, aliás, esta é sem dúvida alguma a frase mais estúpida de todos os tempos, ninguém teme o que é bom, mas sim perdê-lo, que aconteça algum tipo de roubo que nunca mais consiga se saciar com o tão raro néctar dos deuses, como exemplos: amor, criatividade e porque não vaidade positiva, quando insiste em expor suas qualidades para o mundo.
Depois
de descrições um tanto incomuns, o leitor irá perguntar por último como
ficam aquelas lembranças que persistem em nossa mente para o resto da vida;
como exemplos: imagens de frustração, lugares ou palavras que determinada
pessoa ou relacionamento nos corroeu e ainda continuam ecoando. É
impressionante outro erro histórico neste ponto. Tanto a psiquiatria como a
psicologia viram sempre a mente como acervo de uma possível doença ou desvio
mental. No caso citado, tal neurose ou obsessão tem simplesmente a função de
testar o indivíduo, isto vale para praticamente todos os distúrbios
neuróticos, ficarão batendo em nossa porta como dizia o próprio FREUD até
que se resolva nosso imenso fundo de carência e baixa estima, e conseqüentemente
nos aventuremos em novas possibilidades afetivas. As lembranças serão ácido
até que tenhamos competência para substituí-las pelo inédito. Se alguém
deseja localizar a doença, procure nos relacionamentos, na forma como tratamos
os outros, principalmente os mais próximos, na total desunião e falta de
companheirismo. Nossa mente em essência é um eterno treinador que irá cobrar
desempenho e atitudes novas nesta curta jornada de nossa vida.